24 fevereiro 2013

A Rapariga da Lua

A Rapariga da Lua era extraordinariamente bela, tinha longo cabelo loiro prateado que esvoaçava naturalmente, o qual era o seu orgulho. A Rapariga da Lua quase não andava, flutuava - a Lua para ela era como a Terra para nós, havia gravidade, chuva, vento - ela era mágica, encantava quem a conseguisse observar pelos telescópios. Ela estava sozinha naquele seu mundo, sem ninguém, mas não abandonada. Ela gostava do seu mundo assim, pequeno. Ela imaginava as flores, as cores, os animais, as pessoas, as ruas, os prédios, os parques, tudo. Ela era feliz assim, humildemente feliz. Mas para todos os outros era mágica, preciosa, todos queriam um pedaço da sua perfeição, da sua beleza, da complexidade do seu ser. Um dia um explorador do espaço, assim como os há das florestas e trilhos, decidiu empreender numa viagem à Lua - como se fosse para a China, nesta história tudo é possível - mas mal chegou lá, a Rapariga da Lua já não estava lá. Tinha-se apaixonado, tinha ido de encontro ao seu amor de outro planeta, pois amava-o de maneira tal que não conseguiu esperar pelas promessas dele de que um dia a iria buscar. Mas ele não a amava e, já no mundo dele, a Rapariga da Lua perdeu o seu brilho, a sua magia, a sua perfeição. E o seu amor, esse, outra amava também. Nenhuma escolhia, as duas magoava. A Rapariga da Lua voltou para casa, e já nem o explorador a quis, assim, defeituosa, imperfeita, partida. Ela ainda lá se encontra, sozinha, mas já não sonha, vê a Lua como ela é. Vazia, sem cores, sem animais, sem parques, sem felicidade. Mal ela sabe que para um Rapaz ela ainda é mágica e perfeita e ainda é bela. Mal ela sabe que ele a ama de verdade e um dia a irá buscar e lhe trará de novo o brilho.

(Escrevi enquanto ouvia esta música. Inspirou-me.)

1 comentário:

  1. Achei um texto muito bonito e gostei da forma como retrataste a rapariga da lua :D

    ResponderEliminar