Separações

A separação... A separação pode aparecer em várias formas e tocar-nos das mais variadas maneiras. Pode aparecer num caso com coisas, imaginárias ou reais. Um amigo das nossas fantasias, um objecto que nos seja especial. Mas também pode aparecer nas nossas relações com pessoas, e aí custa mais do que se o mundo acabasse amanhã.

Dois amigos que deixam de se falar, lenta e dolorosamente. Uma grande amizade que chega ao fim, um abraço que foi o último, um sorriso na escuridão. Mas pode ainda não ser nada disto.

A separação pode nem sequer se dever a uma desistência, pode simplesmente aparecer-nos à porta sem avisar e apoderar-se da nossa casa sem a mínima educação ou respeito, pode abalar-nos profundamente e pode, no fim, ir-se embora também sem aviso e deixar-nos a morrer de saudades. Sim. Saudades, porque no final habituámo-nos a ela, à sua escuridão e à sua solidão. Porque quando nos habituamos a alguma coisa e depois ela acaba, temos saudades.

Saudades de ter saudades.

Saudades de nos termos separado. Sem querer que isso acontecesse e, no entanto, aconteceu.

E aquele abraço quente, quente como o sol, acabou num estante deixando à volta um vento frio e distante. E aí a separação volta. Para ficar.

Estamos tão perto e mesmo assim sinto-me como se vivesse na ponta oposta do mundo. Tenho saudades