12 fevereiro 2011

Escondi-me na Lua

Pegaste na minha mão e sem uma única palavra começaste a correr pelo mundo comigo atrás. Saltaste montes, atravessaste rios e oceanos, aguentaste o deserto, viste monumentos, luzes e estrelas. Vimos o outro lado do espelho e agarrámo-nos a este. Corremos pela estrada fora e saltamos de ilha em ilha. Apaixonaste-te pelo pôr-do-sol e eu pelo seu nascer, vimos estrelas cadentes e pedimos desejos de eterna felicidade.
Agarraste na minha mão e tapaste-me os olhos com as tuas, contaste até três e largaste-me. Esperei mais uns segundos e virei-me para te abraçar. Não estavas lá.
Corri montes e vales, gritei o teu nome ao vento e numa longa noite, ele gritou-me de volta. Gritou "procura-me", gritou saudade, e eu, cega, corri de encontro ao seu último sussuro. O jogo das escondidas de que tu tanto gostas, o jogo que fez com que tu fugisses. Procurei pela tua sombra em todos os recantos do mundo, atrás de portas e janelas, atrás de pedras e de folhas castanhas de Outono, procurei em todo o lado. Finalmente, derrotada, procurei no meu coração e para meu espanto, não estavas lá. Talvez neste longo ano de procura eu tenha finalmente apercebido que afinal tinha desistido do jogo há muito tempo. Então, numa última jogada gritei ao vento uma última vez. "Procura-me, eu desisti de ti" e assim, lentamente, voei para casa, para a Lua.
E adormecida, olhei as estrelas uma última vez e sorri.

1 comentário: