
Um bocado de mim é ainda criança. É ainda ingénuo. É ainda tão meu como sempre foi. É honesto. Sou eu.
Envergonhada, olho para o chão sempre que ouço: "Oh estás tão crescida! Quando te conheci eras assim...". Na verdade, meu coração fica triste por já não ser "assim". Gostava de voltar atrás... Ao tempo em que as minhas preocupações eram se o Pai Natal iria trazer o que eu pedia na carta, ou se poderia ir dormir a casa desta amiga ou daquela nas férias.
Pois apesar de na altura ficar extremamente triste quando me zangava com uma amiga, a verdade é que agora, olhando para trás, apercebo-me que isso não era nada. Daqui a uns anos vou olhar para trás, novamente, e dizer que estas zangas não eram nada. Mas neste momento são tanto. Neste momento são negras, são máguas, são lágrimas.
Quero ser criança outra vez.
Preocupar-me apenas se está sol, se é Outono, faço anos amanhã ou não, se tenho uma festa de anos nesse fim-de-semana, se o Inverno chegou, se já é "o Ano Novo", agora velho. Também eu me sinto velha neste corpo, nestas memórias. Quero ser criança. Parar no tempo, parar nos sorrisos e no Verão.
Parar no tempo em que fui mais feliz. Porque apesar de tudo, eu até sou feliz. Mas já fui mais. Já fui mais criança, mais ingénua, mais tonta e mais brincalhona. Agora sou velha... E o que resta da minha criança são apenas recordações.
Ando crescida...Acrescida de alegrias...
Acrescida de dores...Acrescida de sonhos....
Ando crescida...Acrescida de idéias...
Acrescida de desilusões...
Acrescida de esperança.
Ando acrescida....Volta, menina....
Crescer dói.
( Inêz Generoso)
Maria,
ResponderEliminarA esse sentimento que assola o lado esquerdo do seu peito se nomeia nostalgia.
A nostalgia é mimada e, carente. A idade que define a infância e, a adolescência é o mote que traduz a vivência a advir.
Sabe Maria ?! Entendo o envelhecimento da idade como traquina. Ele relembra factos passados, saudosos e, usufruídos no presente, posteriormente e, sabiamente amadurece-os e, adultera-os no futuro.
Às vezes Maria observo o meu rosto no espelho, e, defino cada traço, cada imperfeição, cada pensamento e, ou acção … Outras vezes, cerro os olhos e, relembro na perfeição o meu rosto de menina, adolescente e, dissemelhantes pensamentos e, acções... No entanto, confesso-lhe Maria que a idade de hoje, permite-me uma vivência, um usufruto, uma forma de pensar e, reagir que surpreende-me e,encanta-me.
Sinta-se saudosa da criança que foi … mas, nunca deixe de desejar a mulher linda que se forma a cada dia que passa … a mulher que dá pelo nome de “Maria”… Você!
Um sorriso de mim para si.
Ana
Ana,
ResponderEliminarBem sei que o que tenho de fazer é andar em frente e deixar o meu corpo e mente seguirem o seu rumo para a idade adulta. Sei que ainda tenho muito para viver e que ainda vou ter muitas boas recordações, possivelmente melhores que as de quando era criança. Mas simplesmente há momentos em que não aguento "a pressão" e quero voltar ao tempo em que não havia preocupações. Quando era criança.
Agradecida pelas suas palavras que me ajudam a pensar no presente e no futuro e a recordar o meu passado.
Um abraço de cetim
Maria