Vivere la vita!

Não sei como me levanto todos os dias. Não sei o que é sentir o sol a queimar-nos a cara ou a chuva a cair nos ombros. As lágrimas a escorrer pela cara. Ando pelos corredores da escola e sinto que as pessoas passam por mim, não à minha volta, mas literalmente por mim, como se eu fosse um fantasma. As árvores à frente do meu quarto são as mesmas desde que aqui vivo e, contudo, parecem outras. Toda esta rua já viveu e viu muito, já muitos pés marcaram o seu chão e eu só queria voltar a ver os teus pés a passar por mim, olhar para cima e ver o teu sorriso. Aquele sorriso só teu e um pouco só meu também.

Queria acordar todos os dias esperançosa, feliz, plena. Já não há nada que me deixa assim. Antes pintava o meu mundo com todos os lápis da minha caixa, agora o lápis cinzento está pequeno, demasiadas vezes foi afiado, muitos riscos traçou até deixarem de ser riscos e passarem a ser marcas indeléveis de nada. De cor nenhuma, porque já não há cor.

Quero mais. Quero voltar a desejar as estrelas como cheguei a fazer uma vez. Quero voltar a chorar de tanto rir e ter a barriga a doer do esforço imenso que fiz ao rir.

Quero ter vontade de viver a vida como soube um dia ter, mas não consigo. Não consigo fazê-lo e ao mesmo tempo não consigo desistir. Estou confusa e perdida. Que confusão...