Precisava de deitar tudo cá para fora

Estraguei tudo. Magoei pessoas que amava, destruí as melhores amizades que tinha. Tornei-me alguém que nunca quis ser, alguém que só pensa nela, alguém que não tem problemas em magoar as pessoas que a rodeiam. Tornei-me tudo isto sem querer, sem pensar nas consequências e sem reparar nos sinais. Avisaram-me, sim. Preocuparam-se comigo, é certo. Prestei atenção? Não.

Deixei-me ir sempre com fé de que não haveria nada no mundo que eu pudesse fazer que alguma vez afastasse toda a gente. Acho que acreditei nisto durante muito tempo, pois não mudei. Não adianta dizer a verdade, que não foi de propósito ou premeditado, já ninguém acredita em mim, já ninguém quer saber.

Sempre lidei com os meus problemas em silêncio ou escrevia aqui tudo o que me incomodava, agora ouço que só me sei queixar dos meus problemas, mais uma vez alguém que eu não queria ser.

As pessoas pensam que tudo o que fiz foi pelo puro prazer de magoar, não foi. Não é...

Hoje acordei sem alguém com quem falar, pois ninguém me quer ouvir. Por isso escrevo. Não é preciso que leiam, não é preciso que me animem. Só precisava de deixar em algum lado a minha marca, que estou aqui ao pé de biliões de pessoas, talvez a sentir o mesmo que milhares delas e, no entanto, sinto-me mais sozinha que nunca, pois há coisas que nunca saberão sobre mim, coisas que vou guardar cá dentro e nunca deixar escapar. Talvez isso só me faça sofrer mais, mas a partir de agora não falarei dos meus problemas, escreverei sobre eles se precisar, mas não chatearei mais ninguém com a minha presença.

Tudo o que deixo é saudades e um enorme vazio.