12 setembro 2012

Voltei

Estar de volta não é bom, não é seguro e muito menos reconfortante. Estar de volta significa que também o estás. Sim, tu. Essa sensação de imperfeição. De nó na barriga. Do que podia ter sido e não o é. Do que sonhei e do que vi ao acordar. Aquele espacinho no canto do cérebro que diz que nunca serás bom. Nunca saberás o que é vencer e nunca festejarás com o nascer-do-sol. Nunca pedirás um desejo a uma estrela cadente e não serás atravessado pela seta do Cupido.
A voz voltou. Sim, aquela. Aquele sussurro que vem das entranhas do teu ser. Começa como um suspiro e à medida que o tentamos ignorar, apenas cresce tornando-se num grito. Um grito sem som. Apenas um vago sussurro que nos diz que somos imperfeitos, somos pó de nada e de tudo ao mesmo tempo. Somos inseguranças e medos. Somos corações desfeitos e cérebros faladores. 
Já fui chuva e sol. Agora apenas vento e pó. Sou a lágrima que secou no canto do olho. Sou o sorriso vago e os olhos tristes das pessoas que viram, viveram e sofreram demasiado. Sou a memória da esperança.
Sou os pesadelos das crianças. Sou o papão. Sou o monstro que vive debaixo da minha própria cama.
Sou quem me fará ganhar e quem me derrotará.
Sou o que fizeste de mim. Mal. Medo. Buracos de tempo perdido. Sou o infinito aterrador. Sou a mancha que devora a alma.
Sou eu. E apenas me chamo Maria. O resto foi história.

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