Sinto-me a andar para trás. A perder o que conquistei, a destruir o que criei. Pior que isso, sinto que às vezes não me conheço, não sei quem é a pessoa no espelho todos os dias de manhã. Não sei a quem pertence aquele corpo que deambula pela minha casa e que por acaso se assemelha a mim. Sou alma num corpo estático, inexpressivo. Sempre pensei que era a alma que conquistava o corpo, o interior vencedor sob o exterior, as qualidades acima das aparências, mas parece que a ausência e desinteresse que o meu ser aparenta fisicamente conquistaram a minha alma. Sou um vazio, um eco de mim própria. Gostava de acreditar que por agora toda a minha vida seria uma linha orientadora para a magnitude do que eu pudesse vir a fazer um dia. Agora sinto que vou ser mais um peixe na maré a nadar sem rumo, sem fé. Sou demasiado nova para perder a fé nas coisas novas e deliciosas do mundo, sou demasiado velha para acreditar na sua inocência. Sou demasiado ignorante para fazer parte do mundo que me rodeia e sou, no entanto, demasiado conhecedora para voltar a ser uma criança. Sou a falha da criação, sou o génio maligno, sou o pior de cada um. Sou a estrela morta cuja efémera luz ainda nos alcança. Sou grito sem som, sou choro sem lágrima. Tenho a idade e a personalidade destruidoras da alma e do ser. Eu sou única, e ainda assim sinto-me cópia.
Adoro a maneira como escreves. É tão profunda. J'aime beaucoup. Sigo o teu blog, fofinha :3
ResponderEliminarBisous
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